terça-feira, 22 de março de 2011

Nam June Paik

A Arte de Nam June Paik

“A Vídeo Arte imita a natureza, não em sua massificação ou em seu aspecto físico, mas na sua estrutura temporal, na sua irreversibilidade”.
Nam june Paik

Nam June Paik, se especializou na arte eletrônica, participava de um movimento de arte neo-dadaista, conhecido por Fluxus,que chegou à Alemanha na década de 60. Este movimento unia ao Concerto tradicional o som de objetos, e elementos inusitados que não instrumentos musicais. Sua grande estréia foi no “Exposition of music-eletronic television”, espalhando diversos televisores por todos os lugares, utilizando imãs para distorcer as imagens. Essa obra ficou conhecida como “TV Magnet” e deu origem ao vídeoarte.
Paik foi um dos artistas responsáveis por transformar, a então vídeoarte em arte respeitável, digna de ser apresentada em grandes Museus e Galerias, como o Guggenheim e Whitney (ambos mostraram em anos diferentes uma retrospectiva da arte deste artista).
Arte como forma de expressão surgiu em paik a princípio como resultado de movimentos anti-guerra e de cunho político dos anos 50 a 70. Paik trabalhava com cinema, televisão, fitas cassetes e esculturas inanimadas. Recentemente tinha se mostrado interessado na tecnologia a laser. Sua última instalação, denominada “pós- vídeo” combina a imagem cinética movida a laser num tecido tencionado, enquanto cascatas de água e fumaça são vistos sobre a imagem.
A combinação do cinema e da TV nos é apresentada como uma advertência aos novos meios que hão de surgir, revolucionando a tecnologia como nós a conhecemos. Ele visa, com seu trabalho criar uma televisão universal, e cuja compreensão seja aberta ao mundo, cujo conteúdo seja um resultado das várias visões e análises propostas.
A obras de Paik nos faz pensar sobre novas possibilidades de uso dos meios tecnológicos e, principalmente, a reflexão sobre a cultura de massa e a possibilidade de uso mais elaborado e libertador desses veículos. A aula mais importante a ser tomada de Paik é que o artista tem que saber olhar para os movimentos conceituais dos anos 60, aprender com eles e saber criar formas alternativas de expressão tomando como base a própria tecnologia que impacta as nossas vidas.
Paik transforma não apenas as imagens mas o próprio aparelho televisivo como arte, incorporando-o à sua escultura.

Biografia

Nasceu em 20 de julho 1932 em Seul, Coréia.

1950 imigrou com a família para o Japão, durante a Guerra da Coréia.

1956 Gradua da Faculdade de Tókio com bacharel em História da Arte e Historia da Musica, incluindo uma tese sobre Arnold Schonberg (compositor austro-húngaro, 1874-1951. Especialista em escrever concertos para violino).

1956-58 Estudou História da Musica na Universidade de Munique, e simultaneamente, Composição no Conservatório de Freiburg.

1958-63 Tem seu primeiro encontro com a musica eletrônica nos estúdios de John Cage em Colônia.

1963-64 Conhece Shuya Abe no Japão onde trabalha com eletroímãs e televisão da cor.

1965 “Arte Eletrônica” foi o titulo de sua primeira exibição solo nos Estados Unidos, na Galeria Bonino.

1966-69 Mostra sua primeira instalação com múltiplos televisores. Um destes trabalhos “performances” é mostrado ao vivo no canal GBH-TV de Boston.

1969-70 Constrói o primeiro sintetizador de vídeo junto com Shuya Abe.

Morou e trabalhou em Nova Iorque, e mantinha uma segunda casa em Bad Kreuznach. Foi professor na Staatliche Kunstakademie, em Dusseldorf.

1996, foi homenageado do 11º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil, realizado em 1996 no Sesc Pompéia, em São Paulo.
Ao final desse mesmo ano, Nam June Pasik teve um derrame que o deixou parcialmente paralizado.

Faleceu em 29 de janeiro de 2006.

É membro honorário :
Staatliche Kunstakademie, Dusseldorf desde 1979.
Akademie der Kunste, Berlin, desde 1987.

Obras Marcantes


Meu Fausto (1989-1991)
Esta peça é composta por treze aparelhos de televisão, cada um transmitindo um canal diferente, correspondente os treze canais a cabo do estado de Nova Iorque. O agrupamento dos aparelhos remete `a imagem neo-Gótica da Cruz Católica. Além dos televisores, a instalação é ornamentada com peças íntimas do artista, como camisetas surradas mostrando quão desapegado a bens materiais ele é.

TV relógio (1989).
24 Televisores coloridos, sem som algum. Cada televisor é cortado por um feixe branco estático de luz que simboliza a hora do dia. O artista nos mostra a que ponto chegamos: o tempo, outrora algo dinâmico e natural agora faz parte da vida estática da tecnologia, dos televisores, do ser humano.

Charlotte Moorman faz uma apresentação do concerto de Paik para TV Cello e Vídeo Cassetes (1971) na Galeria Bonino em Nova Iorque.

Vídeo Peixe (1975).
Um monitor de TV ligado em três canais diferentes é colocado “dentro” de um tanque contendo água e peixes. Qual é o limite entre vida e tecnologia? É possível haver esta co-existência... eis o tipo de reflexões que a instalação nos propõe.


Família de Robôs: Avó à esquerda, Avô à direita, (1986).

Mega rodovia eletrônica: Estados Unidos Continental (1995).
São 313 monitores mostrando 47 canais fechados de TV: Eis aqui a simultaneidade do Pais, das telecomunicações, do espaço físico. O pais é senão a tecnologia que produz e as imagens/ informação que difunde.

TV Rodin (1978).
O mesmo princípio da arte sobre o Buda.

TV Buda (1974).
Arte como auto referencia. O Buda metálico é a arte enquanto escultura e arte enquanto imagem neste circuito fechado de TV, que em última instancia é a vídeo arte.

Em 1964 Paik fez uma performance em plena Park Avenue, em Nova Iorque mostrando quão frágil são as relações entre homem e tecnologia e quão frágeis são tanto os homens quanto a tecnologia. Paik conduziu o seu robô (K-456) via controle remoto para fora da Galeria Whiteny onde estava sendo exposto. Ao cruzar a Avenida o Robô foi esmagado. Paik curiosamente tornou-se mídia, ou seja, virou produto daquele mesmo meio que ele costumava usar como arte, mostrando quão voláteis são as relações e as ordens no século da tecnologia.

1988 “Quanto mais melhor”. Torre composta de 1003 monitores de TV, tem 60 pés de altura, para os Jogos Olímpicos de Seul.

Peter Blak




Sir Peter Thomas Blake nasceu em Dartford em 1932. Foi um artista pop que é bastante conhecido por ser autor da capa "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles, Também desenvolve carreira na pintura, que incorpora imagem da cultura em massa e colagens. De 1946-1951 foi desenhador técnico na Gravesend School Of Art. De 1953-1956 estudou no Royal College Of Art em Londres. De 1956-1957 interessou-se pela arte popular. Em 1964 começou a ensinar na St. Martins School Of Art em Londres.

De 1969-1979 foi membro da Brotherhood of Ruralists. Em 1981 se tornou membro da Royal Academy de Londres.

Após seu realismo, uniu-se a Hamilton, tornando-se uma das figuras chave da Pop Art da Inglaterra.
 
Algumas obras 

Peter BLAKE – “The Twins in their Tea Garden” (1995-1999)



Peter BLAKE – “Demonstrations in a Department Store” (1998)

 Peter Blake – Band Aid

Peter BLAKE – “The Artists’ Fancy Dress Ball” - (2005)
Marcel DUCHAMP World Tour series

Peter BLAKE - “Playing Chess with Tracey” -
Marcel DUCHAMP World Tour series – (2005)
Nesta tela abaixo, também da série Marcel Duchamp, observem que dentro do ônibus está, ninguém ninguém menos que Rrose Sélavy

Peter BLAKE – “He meets the Spice Girls and Elvis” – (2000-2005)
Marcel DUCHAMP World Tour series


Assassinado no Brasil

Ladrões matam a tiros, na
Amazônia, Peter Blake, o maior
navegador da atualidade
Leonardo Coutinho

AFPPeter Blake: fim da viagem

Peter Blake era um herói para os neozelandeses, que comparam seus feitos nas águas à proeza realizada em 1953 por seu conterrâneo Edmund Hillary, o primeiro homem a escalar o Monte Everest. O herói foi morto a tiros em Macapá, a capital do Amapá, na quarta-feira passada, por um grupo de assaltantes que invadiu um dos veleiros mais sofisticados do mundo para roubar um bote inflável, um motor de popa e um punhado de relógios. O médico-legista que examinou o corpo informa que o mais famoso navegador da atualidade, o grande campeão do iatismo mundial e um ídolo que chegou a ser condecorado pela rainha da Inglaterra tomou dois tiros pelas costas. Armado com um rifle de calibre 38, ele reagiu ao assalto e tentava esconder-se do revide dos bandidos ao ser acertado. Blake apareceu no convés logo que os piratas subiram ao barco e estavam tentando render outros tripulantes. Havia uma pequena comemoração no grupo, pelo fim de uma etapa da viagem. Um dos tiros ficou alojado na musculatura do tronco de Blake. Outro atravessou o corpo, rompendo uma artéria e produzindo a morte por hemorragia em menos de três minutos. Os assaltantes foram presos na sexta-feira. Integravam uma das quadrilhas que agem na orla do Amapá assaltando embarcações. Esses ratos-d'água, como são conhecidos, fizeram 43 vítimas em torno na área de Macapá apenas no mês de novembro.
Blake e o grupo de pesquisadores que viajava no veleiroSeamaster tinham ancorado à tarde numa das enseadas mais bonitas da região, atraídos pela mansidão e limpeza das águas e pela brancura da areia. Estavam a 200 metros da Praia da Fazendinha, a 17 quilômetros de Macapá, um ponto que atrai muitos turistas -- e ratos-d'água. No dia seguinte, zarpariam para a Venezuela. Vinham do interior da Amazônia, encerrando mais um estágio da expedição que o navegador iniciou no ano passado com a intenção de explorar os principais ecossistemas do planeta. Na primeira etapa a bordo do superveleiro construído especialmente para essa aventura, o herói neozelandês explorou a Antártica. Ao passar pela Amazônia, chegou a receber a visita a bordo da primeira-ministra de seu país, Helen Clark, em Manaus. Ela passou vinte horas no Seamaster e definiu esse encontro como o ponto alto de sua viagem à América do Sul. "É terrível saber que mataram uma pessoa como Blake por coisas tão irrisórias", disse a primeira-ministra ao saber do crime. Em Macapá, iniciou-se logo depois do homicídio o jogo de empurra entre autoridades para livrar-se da responsabilidade por permitir que o barco parasse num lugar tão perigoso. A Polícia Civil informava que o navegador chegou à cidade sem avisar. A Polícia Federal, cujo posto foi visitado por tripulantes do veleiro para desembaraço de documentos, garantia que eles foram genericamente alertados sobre o risco de assalto. Paulo Matos, um brasileiro que estava a bordo, comunica que, na verdade, foi seguida a indicação de um oficial da Marinha, que os orientou a não ficar no porto, por ser uma área visada por ladrões.
Três homens abordaram o Seamaster enquanto um ficou aguardando ao volante de uma pequena embarcação. Eles tinham planejado o roubo depois de ver o barco ancorado na enseada. Todo de alumínio, o veleiro tem 36 metros de comprimento. Pode navegar em áreas muito rasas e também em mares agitados. Dotado dos mais modernos sistemas de navegação e filmagem subaquática, o barco serviu de inspiração para o novo modelo construído pelo navegador brasileiro Amyr Klink. Os bandidos, que tinham notado a passagem de parte da tripulação em terra durante o dia, chegaram gritando "money" apenas. No tiroteio, feriram outros dois pesquisadores neozelandeses. Um dos assaltantes teve a falange de um dos dedos arrancada por um disparo feito por Blake. A Polícia Federal diz que mais três homens deram apoio logístico à ação dos piratas. Blake, segundo amigos, já tinha enfrentado outros assaltos no mar e, supostamente, sabia como reagir em situações como ess


Todo o mundo da vela atribui a Blake a profissionalização desse esporte. Em 1990, ele venceu a regata Whitbread de modo pouco usual no iatismo que se praticava até então. Os outros grupos eram compostos de amigos que se juntavam para fazer da volta ao mundo um grande passeio. O capitão tinha uma equipe profissional, com contratos de longo prazo. Planejava cada parte dos deslocamentos, queria recordes, tinha patrocinador que cobrava resultados. "Blake colocava todo mundo na linha sem tirar das pessoas o entusiasmo nem o prazer de velejar", recorda o iatista brasileiro Cacau Peters, que integrou uma equipe instruída pelo herói neozelandês. Entre outros feitos, Blake venceu em 1995 a America's Cup, a copa do mundo do iatismo. Foi a segunda vez que a prova não acabou vencida por americanos, em 145 anos de história. Em 2000, liderou a equipe da Nova Zelândia nessa mesma competição e venceu de novo. Quando decidiu abandonar as provas em nome do projeto ecológico, apoiado pela Organização das Nações Unidas, começou a realização de um sonho. "Agora, sim, estou na regata que importa", disse recentemente. "É uma corrida para ajudar o planeta." Blake tinha apenas 53 anos.

domingo, 13 de março de 2011

Nasci em Sergipe e queria mostrar o estilo do meu Estado...

Arte Barroca
Laranjeiras


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A cidade de Laranjeiras, situada no Vale do Cotinguiba, era um imenso canavial e durante muito tempo a cana-de-açúcar representou seu principal ciclo econômico. Com os engenhos, chegaram os escravos e as igrejas, com suas irmandades e festas. A cidade possui 16 igrejas católicas e se orgulha de ter sediado o primeiro templo protestante de Sergipe, a Igreja Presbiteriana, fundada em 1884. Laranjeiras é o maior pólo folclórico do estado de Sergipe. É no ciclo de natal, especialmente na Festa dos Santos Reis, que a tradição laranjeirense toma as ruas da cidade. As Taieiras rezam na Igreja de São Benedito, o santo preto e em seguida saem pelas ruas da cidade acompanhadas pelos Cacumbis, Reisados, Chegança, Congada, São Gonçalo, Caboclinhos e os Lambe - Sujo.

Laranjeiras teve sua colonização iniciada no final do século XVI, após a conquista de Sergipe por Cristóvão de Barros. A presença dos padres jesuítas na região, em fins do século XVII, teve grande influência na colonização e religiosidade. A cidade fixa-se às margens do riacho São Pedro, local onde foi erguida a primeira igreja e, também, a residência dos religiosos, conhecida como Retiro. Em 1734, é concluída a obra da Igreja de Comandaroba, hoje um dos mais importantes monumentos arquitetônicos do estado.

O desenvolvimento econômico aconteceu com a chegada da cana-de-açúcar, fazendo com que as margens do Cotinguiba se desenvolvessem e atraindo comerciantes de várias partes do estado. Na época existiam muitas laranjeiras no local, dando origem ao nome da cidade que, no século XVIII, com o ciclo de cana-de-açúcar, chegou ao apogeu financeiro.
Antes pertencente a Socorro, Laranjeiras é elevada à categoria de vila, em 1832, devido ao seu grande desenvolvimento e vida social intensa. Em 1836 é designada como primeira alfândega de Sergipe, por sua importância como grande centro comercial e exportador. Em 1848 passa à categoria de cidade.

A maior parte do patrimônio arquitetônico de Laranjeiras é de influência barroca. A essa característica juntaram-se outras influencias gerando uma característica eclética em muitos de seus prédios.

Por muito tempo, o que hoje conhecemos como estilo barroco foi visto de forma pejorativa, como sinônimo de algo bizarro, prolixo, deformado. A própria palavra barroco, em sua origem, tem uma conotação depreciativa: nas joalherias espanholas, eram chamadas barrueco as pérolas defeituosas. Observe-se que a atribuição ao barroco de significado depreciativo não é caso único na história da arte: termos como Impressionismo, Fauvismo, Cubismo, no começo, foram assim também interpretados. Parece claro que tal conceito tomava como referencial de perfeição a arte clássica do Renascimento, sua pureza de linhas, seu equilíbrio formal, sua clareza na concepção. A partir do trabalho de autores como Wölfflin e Eugênio d'Ors é que o Barroco se reabilitou, passando a ser percebido como um estilo que, partindo de conquistas estéticas herdadas dos renascentistas, se propôs a introduzir nas formas novos elementos: a emoção, o efeito, a retórica dramática, o movimento, a intensidade expressiva.

Em Laranjeiras o Barroco se integra a atmosfera da cidade. Essa total integração entre o patrimônio arquitetônico existente e a paisagem da cidade se fundem de tal forma que os elementos arquitetônicos completam a visão paisagística e nunca são vistos como algo que interfere na paisagem natural. 





https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8SrjMbMBZMigisd1ydb7UY57c6C9PoL9mDvVAhyphenhyphen6D69LwRnpySkXEJ7Z6L1l_rYhOA0pM7u7um2z2n636FQ4zynIuElrtPqEt-ZSyZBv5jo_HdmEWf3Xs5yMdZDEb70ar8LTy6fZk9qg/s1600/S%C3%A3o-Francisco1.jpgSão Cristovão
O sonho é incluir Sergipe no roteiro turístico mundial. Mais precisamente a pequena São Cristóvão, antiga capital do Estado até metade do século 19, a 26 quilômetros de Aracaju. De imediato, basta se igualar a Olinda, em Pernambucano, mais famosa no exterior que a capital, Recife, graças ao seu casario preservado. Às 17h25 de domingo a Praça São Francisco, no centro de São Cristóvão, foi declarada pela Unesco Patrimônio Histórico da Humanidade.

A honra foi conquistada por suas características de praça espanhola encravada numa cidade colonial nos trópicos, construída no período em que Portugal e Espanha eram governados pelo rei espanhol Felipe II no final do século 16. Em alguns momentos, especialmente na tranquilidade do cair da noite, a sensação de quem está lá é realmente de uma viagem pelo tempo.
A briga pelo título que coloca a praça sergipana no mesmo patamar de importância para a humanidade que a Muralha da China e as pirâmides do Egito começou há cinco anos. O mote, já que não era mais possível retomar o posto de capital, era transformar São Cristóvão, fundada há 420 anos, em sua capital cultural. "Esse título é uma espécie de selo de qualidade que diz que nós somos importantes. Isso faz um bem danado para o povo", analisa Thiago Fragata, historiador e diretor do Museu do Estado, que funciona na Praça São Francisco.
Fragata, nascido e criado em São Cristóvão, coordenou a comissão pró-candidatura tentando divulgar a importância da praça. E, desde o início de sua jornada, o principal problema foi convencer o próprio sergipano de que o lugar tem seu valor.

"Sergipe é o menor Estado do Brasil. E isso tem um preço. O sergipano de um modo geral se menospreza e só valoriza o que vem de fora. Era preciso acordar Sergipe para o valor desta cidade", diz Fragata. A maioria dos 80 mil habitantes de São Cristóvão não acreditava que aquele casario pudesse ter algum valor. Começaram a achar que era possível quando verbas federais e estaduais jorraram nos últimos dois anos para adequar São Cristóvão às exigências da Unesco. Foram gastos mais de R$ 10 milhões nessa cruzada.
Mas só tiveram certeza mesmo de seu valor agora. Dois dias depois da conquista do título, a cidade viu triplicar o número de turistas, principalmente brasileiros, interessados em saber que cidade é essa.
Não é simples desbravar São Cristóvão. A cidade é dormitório para quem trabalha em Aracaju. Não há pousadas, nem restaurantes. Existem dois caminhos partindo de Aracaju. O mais antigo é pela Rodovia João Bebe Água, homenagem a um comerciante do século 19 que brigou para que São Cristóvão voltasse a ser capital de Sergipe.
João não era lá muito fã de água. Gostava mesmo era de uma boa cachaça. Dizem que tinha até um barril de aguardente ao lado da cama.
A rodovia teve uma parte duplicada, mas há ainda um bom trecho sem sinalização, esburacado e sem iluminação. Chegar a São Cristóvão por ela é um péssimo cartão de visitas. O governo estadual promete melhorias, assim como a construção de uma terceira via de acesso cortando o povoado de Rita Cacete, a sete quilômetros de São Cristóvão. O nome inusitado não tem explicações nos registros sergipanos.
O outro caminho, mais longo, é pela BR 101. O trecho que vai de Aracaju à entrada de São Cristóvão aumenta a viagem em uns cinco quilômetros, mas é bom. O problema é deixar a estrada para pegar o caminho que leva a um dos patrimônios da humanidade. A estradinha é asfaltada, mas com buracos. Como o centro histórico fica na parte alta, é preciso passar por ruas mal cuidadas, sem sinalização, com mato alto, muita lama e água parada à porta de casas simples, fruto das chuvas recentes que atingiram a região. Até desembocar na praça é difícil não pensar "o que é que eu vim fazer aqui?"
Vale a pena insistir. A Praça São Francisco parece continuar no século 17. Principalmente se a chegada for ao cair da tarde e o silêncio dominar o lugar. A iluminação valoriza o conjunto arquitetônico. No lado norte fica o Convento de São Francisco, onde funciona o belíssimo Museu de Arte Sacra; no leste, a Igreja e a Santa Casa de Misericórdia; no sul, o sobrado do antigo Palácio Provincial; do outro lado, cinco construções, onde funcionam, entre outras coisas, a biblioteca e o museu do folclore. No centro fica um cruzeiro, característico da Ordem Franciscana.
O encantamento é abalado à luz do dia. O despreparo para receber a esperada horda de turistas é tanto que os moradores que se arriscam a guias na tentativa de ganhar uns trocados fazem um samba do crioulo doido com a história local. "É gente dizendo que foi aqui no prédio do museu que Pedro II se encontrou com Pedro Álvares Cabral e que uma bala de canhão destruiu a torre da igreja na 2ª Guerra Mundial", se irrita Thiago Fragata. Não é preciso inventar fatos históricos. São Cristóvão tem muita história.

O imperador Pedro II de fato se hospedou no palácio provincial por duas noites, mas isso foi 340 anos depois da morte do navegador português que descobriu o Brasil. Os tiros disparados pelos alemães em agosto de 1942 não chegaram nem perto da praça. Atingiram cinco navios e um iate na costa sergipana. O que os guias não contam é que no Convento São Francisco ficaram hospedadas as tropas federais a caminho da Guerra de Canudos ou que o escritor Jorge Amado gostava tanto da cidade que no seu romance, Cacau, o personagem principal é José Cordeiro, o Sergipano, morador do sobrado que hoje abriga o escritório do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Fora dos domínios da praça, a cidade tem outras cinco igrejas históricas. Uma tem um atrativo especial para os católicos. Foi na Nossa Senhora do Carmo que Irmã Dulce, em processo de beatificação, passou um ano e meio no claustro. As outras grandes atrações turísticas locais pegam o visitante pela gula. São Cristóvão produz a melhor queijadinha de Sergipe. O doce, apesar do nome, não leva queijo. É uma adaptação de escravos brasileiros para o doce português. Mistura coco, açúcar, farinha, ovos e margarina. É assado lentamente em forno a lenha. Marieta Santos, que há 50 anos faz a melhor queijadinha de São Cristóvão, costumava vender cem doces por dia a R$ 1 cada. Na quarta-feira, vendeu 400. "Me pus de pé às 2h30 da manhã para dar conta", disse na quinta-feira, enrolando os doces nos fundos da loja da Praça da Matriz. Também faz sucesso o briclete, biscoito feito pelas freiras carmelitas e vendido a R$ 2 na antiga Santa Casa.
A última semana foi especial. No domingo, logo depois de a notícia se espalhar, todas as igrejas tocaram os sinos. Em seguida, os moradores deram um abraço na praça. Tudo organizado por Vânia Dias Correa, uma das figuras mais populares da cidade. "Quando soube d a notícia pulei que nem cabrito. Agora o mundo vai conhecer São Cristóvão".
Euforia à parte, a decisão da Unesco deu novo alento aos são-cristovenses. Há dois anos, a cidade sofreu com a confusão na política. Em um ano, as denúncias de corrupção foram tantas que a cidade teve sete prefeitos. Há obras importantes paradas porque os contratos estão sob suspeita. "Viramos motivo de chacota", lembra Thiago Fragata.
Até em São Cristóvão fizeram piadinhas. "A cidade não é histórica? Essa é mais uma história que a gente conta, ôxente", diz Bartolomeu Lima, que até quarta-feira mantinha uma barraca na praça vendendo queijadinha e água de coco. Agora foi expulso para outra rua. "Os homens da prefeitura disseram que agora que isso aqui é patrimônio eu não combino com o lugar. É mole? Justo agora que os turistas vão chegar", reclama.

Não só os ambulantes foram expulsos. Ônibus e caminhões já são proibidos de circular, mas ninguém obedece. "A confusão na política torna mais difícil fazer com que os moradores obedeçam às regras", analisa Terezinha Alves, superintendente regional do Iphan, que não se conforma com a desobediência. Desespero maior é quando motos trafegam sobre o pavimento de pedras, no centro da praça. As motos, aliás, dominam a cidade. Estão por toda parte. Não se vê mais jegues. As motos agora puxam até carroças.
Apesar de seus 420 anos, São Cristóvão não tinha saneamento básico. Todo o esgoto era lançado no Rio Paramopama. A situação está mudando. Já foram gastos R$ 7 milhões em saneamento. O projeto Monumenta, do IPHAN, injetou R$ 8,8 milhões para a reforma geral na praça. Outros R$ 54 milhões chegarão dentro do PAC das cidades históricas.

"Essa é uma oportunidade sem precedentes na história de Sergipe. É nossa chance de ganhar visibilidade internacional", calcula Thiago Fragata. Mais do que atrair turistas e dinheiro, a esperança é mudar o espírito da população. "É a chance de alavancar o orgulho de ser sergipano", sonha Thiago.

sábado, 12 de março de 2011

Para vc Saber





O que é Arte?

A arte é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura. É um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos conhecimentos. Apresenta-se sob variadas formas como: a plástica, a música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura etc. Pode ser vista ou percebida pelo homem de três maneiras: visualizadas, ouvidas ou mistas (audiovisuais). Atualmente alguns tipos de arte permitem que o apreciador participe da obra. O artista precisa da arte e da técnica para se comunicar.
Quem faz arte?

O homem criou objetos para satisfazer as suas necessidades práticas, como as ferramentas para cavar a terra e os utensílios de cozinha. Outros objetos são criados por serem interessantes ou possuírem um caráter instrutivo. O homem cria a arte como meio de vida, para que o mundo saiba o que pensa, para divulgar as suas crenças (ou as de outros), para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para explorar novas formas de olhar e interpretar objetos e cenas.


Por que o mundo necessita de arte?

Porque fazemos arte e para que a usamos é aquilo que chamamos de função da arte que pode ser feita para decorar o mundo, para espelhar o nosso mundo (naturalista), para ajudar no dia-a-dia (utilitária), para explicar e descrever a história, para ser usada na cura doenças e para ajuda a explorar o mundo.


Como entendemos a arte?


O que vemos quando admiramos uma arte depende da nossa experiência e conhecimentos, da nossa disposição no momento, imaginação e daquilo que o artista pretendeu mostrar.


O que é estilo? Por que rotulamos os estilos de arte?
Estilo é como o trabalho se mostra, depois do artista ter tomado suas decisões. Cada artista possui um estilo único.

Imagine se todas as peças de arte feitas até hoje fossem expostas numa sala gigantesca. Nunca conseguiríamos ver quem fez o quê, quando e como. Os artistas e as pessoas que registram as mudanças na forma de se fazer arte, no caso os críticos e historiadores, costumam classificá-las por categorias e rotulá-las. É um procedimento comum na arte ocidental.

Ex.: Surrealismo




Como conseguimos ver as transformações do mundo através da arte?

Podemos verificar que tipo de arte foi feita, quando, onde o como, desta maneira estaremos dialogando com a obra de arte, e assim podemos entender as mudanças que o mundo teve.

A DONA DO BLOGGER 1



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Depoimentos feitos a arte
Arthur da Távola
Há artistas que são autores da própria obra. Outros, há, vítimas da mesma. Parece-me o caso de Manoel Costa. É tão furiosa a irrupção de sua pintura, que o subjuga, domina, impele para estilos vários, deslumbra. O ritmo e a intensidade das pinceladas refletem a fúria eruptiva da vontade de pintar com sua emoção embutida. A pintura é autora de Manoel Costa e não o oposto. Quando emergem-lhe tendências, impulsos ou influências, nem bem dominou-as e já aparecem postas em ação n'algum quadro ou fragmento de tela. Quando parece que "enfim se encontro", nova transformação, enlouquecimento da luz interior, esgar da forma, retornos obsessivos a temas iniciais.

So falta a Manoel Costa enveredar pelo pós-moderno. parece não querer, como bom escravo do belo: pequenas tentativas na linha da colagem e logo o retorno à paixão figurativa e de meritório teor social, o trabalho anônimo do povo em atividades que a exploração desenfreada e o desenvolvimento tecnológico tratam de matar a cada dia.

A paixão figurativa é ajudada pelo sentido de espetáculo pictórico do qual não se afasta. Nenhum fascínio, porém, pelo fácil ou, ao revés, pelo conceitual ou introvertido.

Manoel Costa não parece interessado num discurso sobre a pintura: ele é pintado por ela, ânsias de artesão com emoções de artista com ganas de expressar, usar o material, desafiar-se a cada momento, não reter fluxos interiores por excesso de conceitos ou tremores intelectuais. Envereda pela cor, domina a pincelada, não parece vacilar diante de excesso de autocrítica castradora. Pretende a compreensão, quer comunicar-se, flagrar a cor e a luz de suas manifestações, pouco se importando com os temas repetidos; quer dar o seu testemunho sobre tudo e todos: o testemunho, não a revelação. Vítima da alta vocação, do testemunho, espécie de irmão leigo de uma ordem religiosa de crentes na emoção da pintura, sob o império do tom, Manoel Costa cumpre o desiderato maior do criador: colocar técnica, vocação, talento, consciência social e política a serviço da arte sem a pretensão de reformá-la, descobrir-lhe rumos ou repetir os discursos oriundos dos seus centros de poder. Pretende apenas pintar, como um gesto natural, algo que flui. Daí a vibração de luz e de forma que lhe resulta sem dificuldade, contração ou empostações pretensiosas. A obtenção da forma sem esforço, com imediata decodificação, dá-lhe a qualidade de um artista que alcança seus objetivos pela sabedoria, sinceridade e simplicidade de não os haver colocado longe de si. Esta dimensão não onipotente, resultante de seu trabalho, dá-lhe definição, concreção, aceitação, perenidade, além do adorável sabor de Brasil que o situa entre os pintores da resistência cultura, entre os não-colonizados, num país de tantos neocolonizados...
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Erika Simmons

Erika Simmons (arte contemporânea)